quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Policia indicia Seguranças

ISMAIL JUNIOR
Repórter Policial do Universo Policia

Os quatro seguranças acusados de espancar o vendedor ambulante Reginaldo Donnan Santos Queiroz, 31, dentro do Goiabeiras Shopping Center, foram oficialmente indiciados ontem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, furto qualificado e calúnia.

Na prática, significa que a partir de agora eles são considerados suspeitos formais do crime e constam no banco de dados da polícia. Esse é o primeiro passo após a conclusão das investigações.

Entretanto, o inquérito, que é a peça completa da investigação, ainda não está fechado.


Acusados estão no Carumbé. Dois admitiram fatos e
todos tiveram atitudes que contribuíram para crimes



“O indiciamento significa que já temos materialidade e indícios de que eles cometeram o crime”, explicou a delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelo caso. Ela aguarda ainda o recebimento do laudo de um arquivo de áudio, gravado pelo sistema de emergência 190, para encerrar o inquérito. A perícia técnica do Estado tenta, em uma ação inédita, isolar a voz de Reginaldo, que estava ao fundo da ligação pedindo socorro no momento em que os seguranças acionaram policiais militares para atender a ocorrência.

Todos tiveram suas condutas consideradas relevantes para o crime. “Quem proíbe outros de entrar na sala onde consta o ponto de funcionários, assim como quem assiste ao espancamento, sem intervir, concorrem da mesma maneira para o crime. A ação de cada um contribui para o resultado”, explicou Feldner.

Em um segundo depoimento prestado à polícia, Belo confessou ter chutado Reginaldo da cintura para baixo e afirmou que Jefferson fazia “tabela” com a cabeça do vendedor, no canto da parede. A possível classificação de co-participação de Jorge e Valdenor somente valerá para a dosagem de pena de ambos, durante o julgamento, segundo a delegada. A sessão de espancamento durou 23 minutos, segundo a delegada, que comparou a situação a uma sessão de vale-tudo, em que os lutadores têm igualdade de condições e cada sessão dura de 3 a 5 minutos. A vítima estava em desvantagem.

Jefferson Luiz Lima Medeiros, Jorge Dourado Nery, Valdenor de Moraes e Ednaldo Rodrogues Belo também foram indiciados pelo crime de furto. Isso porque testemunhas que estiveram com Reginaldo em outro local, antes de ele entrar no shopping, afirmaram que ele tinha um montante em dinheiro. A família afirma que era cerca de R$ 1 mil.

De acordo com o indiciamento, Reginaldo relatou a várias pessoas que o dinheiro dele havia sido pego pelos seguranças.

Outro vestígio de que Reginaldo teve seus pertences mexidos foi o sumiço do comprovante da compra de ingresso para uma micareta em Cuiabá. No sistema de vendas da empresa responsável pelo evento, consta a compra efetuada por Reginaldo, no valor de R$ 140, mas o ingresso não chegou a ser retirado. Entretanto, de acordo com a delegada, o comprovante “sumiu”.

Os seguranças são acusados ainda pelo crime de calúnia, por ter registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência onde Reginaldo figura como suspeito de tentativa de homicídio.

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