terça-feira, 1 de junho de 2010

Taxista é atingido na cabeça por tiro de Segurança, que é Policial

ANDRÉ LUIS GUIMARÃES
Repórter Policial do Universo Policia

O taxista Roberto Braunarth, de 28 anos, foi atingido na cabeça por uma bala perdida, na madrugada do último domingo (30), enquanto trabalhava em um ponto de táxi. De acordo com colegas de profissão, os disparos foram efetuados por um segurança do estabelecimento que é policial militar lotado no 13º Batalhão.

O Comando do 13º Batalhão de Polícia Militar informou que o policial, já identificado, estava na cena da ocorrência e, por isso, sua participação nos fatos deverá ser investigada pela Polícia Judiciária, uma vez que não estava escalado em atividade da corporação. O policial foi encaminhado ao Centro Terapêutico (CETE) da Diretoria de Saúde “em razão de estar abalado emocionalmente”. A arma de fogo foi apreendida para perícias e uma sindicância foi instaurada para investigar a prática de atividade privada.

“O que nos leva a repudiar o ocorrido é o despreparo de alguém para realizar uma ação preventiva, mas uma atuação defensiva própria da polícia, que acaba prejudicando um pai de família”, argumenta o presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares.

O problema é que policias são proibidos por lei de exercer atividades no ramo da segurança privada. Para Soares, muitos chegam a trabalhar em outro local no próprio horário de trabalho e a atividade irregular não é desconhecida dos órgãos públicos. “Na última audiência pública do sindicato, o representante do secretário de segurança pública afirmou ter conhecimento da existência dessa prática entre os policias. Até mesmo o comando da PM sabe dessa realidade”, revela. A direção do SindVigilantes afirma que várias casos como esse, envolvendo a clandestinidade de PMs, ocorreram e foram esquecidos ou arquivados por falta de provas.

De acordo com o governo do estado, dos casos de policiais militares identificados utilizam da farda, viaturas, armamento e outros equipamentos da corporação para a realização de serviços particulares ou para terceiros recebendo dinheiro ou qualquer outra vantagem, nove policiais militares já foram excluídos da corporação. E outros três, em 2010, também sofreram a mesma punição.

Atualmente, a contratação de seguranças clandestinos não é considerada crime, mas como ilícito administrativo, e, portanto, a punição se limita ao cancelamento da atividade. Para tentar modificar essa situação, um projeto de lei tramita no Congresso Nacional para tipifica como crime à contratação e a administração de serviço de segurança privada clandestina.

O taxista continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo. O estado dele é considerado grave.

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