ANDRÉ LUIS GUIMARÃES
Repórter Policial do Universo Policia
As evidências da atuação de grupos de extermínio na Grande Goiânia e de acobertamento pelas polícias Civil e Militar dos casos investigados fizeram o Ministério Público (MP) de Goiás pedir formalmente a entrada da Polícia Federal nas investigações sobre bandos especializados em execuções, compostos por policiais civis e militares. O Grupo de Repressão ao Crime Organizado do MP goiano conduz uma apuração mantida em sigilo e, diante das dificuldades impostas pela própria polícia, a PF foi acionada há pouco mais de um mês, numa última tentativa de identificar e prender os responsáveis pelas sucessivas execuções na capital de Goiás.
A situação chegou ao limite, o que obrigou os promotores do MP goiano a buscar também o apoio do Ministério da Justiça e da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), ligada à Presidência da República. Pelo menos 24 pessoas – a maioria em Goiânia – estão ameaçadas de morte por policiais que integram grupos de extermínio. Elas conseguiram ser incluídas nos dois programas de proteção a testemunhas em funcionamento no Estado. Um é o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita), mantido com recursos do governo federal. Mais da metade das 42 pessoas atendidas pelo Provita está ameaçada por grupos de extermínio. O outro programa é o Serviço Estadual de Proteção ao Depoente Especial (SEPDE), do governo de Goiás. Dos sete réus colaboradores, como são chamados os protegidos pelo Estado, três testemunharam ações de policiais a serviço de grupos especializados em execuções e passaram a ser vítimas em potencial.
As investigações do MP e os relatos dessas testemunhas apontam para a existência de um grande grupo de extermínio formado por policiais na Grande Goiânia, com atuação na capital e em mais quatro regiões do estado. Eles se consideram "justiceiros" e perseguem principalmente pessoas que já tiveram alguma passagem pela polícia e que respondem a processos na Justiça, além de usuários contumazes de drogas e até mesmo informantes da polícia, que passam da condição de colaboradores para a situação de alvos dos grupos de extermínio.
É o caso da costureira Maria Pedrosa de Araújo, de 46 anos, moradora do Setor Buriti Sereno, na periferia de Aparecida de Goiânia (na Grande Goiânia). O filho Lindomar Pedroso de Araújo Mendanha foi assassinado aos 22 anos em setembro de 2004. No próximo dia 8 de junho, faria 28 anos.
Reprodução
Maria de Araújo perdeu o filho em episódios envolvendo a polícia
O professor aposentado Divino Rodrigues Barco, de 58, morador da Vila Nova, em Goiânia, teve o filho Rodrigo Dias Barco, de 19, morto por um capitão da Polícia Militar (PM). Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), Rodrigo e um colega tentaram assaltar o Audi A3 do policial no Setor Marista, bairro nobre de Goiânia. O capitão foi denunciado à Justiça comum, mas a ação foi trancada pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Por "merecimento", o capitão foi promovido a major da PM goiana em março deste ano.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Em GO, Um programa tenta proteger testemunhas de ameaças
Postado por Redação às 04:05
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