terça-feira, 1 de junho de 2010

Em GO, Um programa tenta proteger testemunhas de ameaças

ANDRÉ LUIS GUIMARÃES
Repórter Policial do Universo Policia

As evidências da atuação de grupos de extermínio na Grande Goiânia e de acobertamento pelas polícias Civil e Militar dos casos investigados fizeram o Ministério Público (MP) de Goiás pedir formalmente a entrada da Polícia Federal nas investigações sobre bandos especializados em execuções, compostos por policiais civis e militares. O Grupo de Repressão ao Crime Organizado do MP goiano conduz uma apuração mantida em sigilo e, diante das dificuldades impostas pela própria polícia, a PF foi acionada há pouco mais de um mês, numa última tentativa de identificar e prender os responsáveis pelas sucessivas execuções na capital de Goiás.

A situação chegou ao limite, o que obrigou os promotores do MP goiano a buscar também o apoio do Ministério da Justiça e da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), ligada à Presidência da República. Pelo menos 24 pessoas – a maioria em Goiânia – estão ameaçadas de morte por policiais que integram grupos de extermínio. Elas conseguiram ser incluídas nos dois programas de proteção a testemunhas em funcionamento no Estado. Um é o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita), mantido com recursos do governo federal. Mais da metade das 42 pessoas atendidas pelo Provita está ameaçada por grupos de extermínio. O outro programa é o Serviço Estadual de Proteção ao Depoente Especial (SEPDE), do governo de Goiás. Dos sete réus colaboradores, como são chamados os protegidos pelo Estado, três testemunharam ações de policiais a serviço de grupos especializados em execuções e passaram a ser vítimas em potencial.

As investigações do MP e os relatos dessas testemunhas apontam para a existência de um grande grupo de extermínio formado por policiais na Grande Goiânia, com atuação na capital e em mais quatro regiões do estado. Eles se consideram "justiceiros" e perseguem principalmente pessoas que já tiveram alguma passagem pela polícia e que respondem a processos na Justiça, além de usuários contumazes de drogas e até mesmo informantes da polícia, que passam da condição de colaboradores para a situação de alvos dos grupos de extermínio.

É o caso da costureira Maria Pedrosa de Araújo, de 46 anos, moradora do Setor Buriti Sereno, na periferia de Aparecida de Goiânia (na Grande Goiânia). O filho Lindomar Pedroso de Araújo Mendanha foi assassinado aos 22 anos em setembro de 2004. No próximo dia 8 de junho, faria 28 anos.


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Maria de Araújo perdeu o filho em episódios envolvendo a polícia - (Cristiano Borges/Esp. CB/D.A Press)
Maria de Araújo perdeu o filho em episódios envolvendo a polícia


O professor aposentado Divino Rodrigues Barco, de 58, morador da Vila Nova, em Goiânia, teve o filho Rodrigo Dias Barco, de 19, morto por um capitão da Polícia Militar (PM). Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), Rodrigo e um colega tentaram assaltar o Audi A3 do policial no Setor Marista, bairro nobre de Goiânia. O capitão foi denunciado à Justiça comum, mas a ação foi trancada pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Por "merecimento", o capitão foi promovido a major da PM goiana em março deste ano.

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