terça-feira, 14 de setembro de 2010

As vitimas da Violência

AFANASIO LAZADJI



Desde 1º de julho último, 31 cidades paulistas foram selecionadas para participarem da 1ª Pesquisa Nacional de Vitimização, organizada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça. O governo federal quer ouvir a população sobre condições de vida, os fatores de risco e as percepções de segurança.

Com os resultados desse levantamento, o governo federal pretende subsidiar políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de convivência e de segurança pública da sociedade brasileira. A pesquisa será feita pelo Datafolha, contando com a consultoria do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP).

No questionário encaminhado aos moradores dessas 32 cidades paulistas, haverá pergunta se foram ou não vítimas de algum tipo de crime e qual o impacto dessa violência em suas cidades. Essas informações poderão revelar de forma mais precisa a incidência de crimes por áreas e tipos de pessoas mais expostas à violência.

Os pesquisadores do Instituto Datafolha já começaram a coleta de dados em 300 municípios com mais de 15 mil habitantes. Serão sete meses de trabalho para ouvir 70 mil pessoas sobre temas como notificação de crimes e atendimento dos órgãos de segurança. A previsão é que os primeiros resultados sejam divulgados em fevereiro de 2011.

A iniciativa deve mensurar também o crime e a violência, investigar as razões da existência da subnotificação de crimes e conhecer os riscos de vitimização em diferentes grupos sociais. Essas informações deverão revelar ainda o medo do crime e sua relação com possibilidades concretas de vitimização, a experiência do crime do ponto de vista das vítimas além das instituições do sistema de segurança pública.

O secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, explicou que as ocorrências policiais não mostram um retrato real de cada tipo de crime já que a maioria das vítimas não registra queixa, dificultando a implementação de políticas públicas mais precisas.

Segundo Balestreri, “Estudos internacionais revelam que as pesquisas de vitimização apresentam números até 18 vezes maiores do que os registros em boletins de ocorrências. Não podíamos sentar nos fóruns internacionais e comparar números porque não tínhamos dados nacionais. Essa pesquisa vai coroar uma nova maneira de fazer segurança pública baseada no conhecimento científico”.

O secretário nacional também ressaltou que as informações sobre vitimização permitirão definir ações específicas para garantir a segurança de grupos vulneráveis como homossexuais, jovens, idosos e mulheres.

A Coordenadoria Geral de Pesquisa e Análise da Informação, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), conta com o auxílio de um Conselho Gestor formado por especialistas no tema, como intelectuais com experiência em pesquisas de vitimização, gestores públicos e secretários de segurança. Esse conselho foi concebido para elaborar o questionário em conjunto com a Senasp, assim como os parâmetros metodológicos da pesquisa.

Universidades, institutos e acadêmicos poderão solicitar o acesso aos dados para a produção de novos estudos a partir de fevereiro de 2011. Os critérios para a seleção dessas instituições serão divulgados em edital no Diário Oficial da União.

Em São Paulo, as 31 cidades a serem pesquisadas são: Capital, Amparo, Andradina, Araras, Barretos, Botucatu, Cachoeira Paulista, Cajuru, Cosmópolis, Guarulhos, Ibiúna, Iracemápolis, Iguape, Itapeva, Jaboticabal, José Bonifácio, Jaú, Martinópolis, Lorena, Osasco, Pederneiras, Ourinhos, Piedade, Presidente Venceslau, Santa Bárbara D’Oeste, Santa Rosa de Viterbo, São Vicente, Tatuí, Tupã, Votorantim e Votuporanga.

O único ponto que me deixa desconfiado, desde já, é quanto à participação dos tais “intelectuais com experiência” para analisarem algo a que nem sempre estão afeitos, mas que se deixam induzir e levar pela perigosa intoxicação ideológica que têm pelas nossas polícias.

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