Estudante simula o Próprio Sequestro

ISMAIL JUNIOR
Repórter Policial do Universo Policia

Policiais da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) da Polícia Civil prenderam, uma jovem acusada de forjar seu próprio sequestro. A estudante, do segundo semestre do curso de direito do Uniceub, identificada apenas como Antônia, 18 anos, foi encontrada por volta das 4 horas em uma pousada na 703 Norte, enquanto dormia.


Jovem simulou o próprio sequestro.


Investigações comprovaram que, após simular o próprio sequestro, a autora, utilizando-se de artimanhas para modificar a própria voz, e se fazendo passar pelos supostos criminosos, exigiu que a mãe efetuasse o pagamento de R$ 8 mil reais, mediante ameaça da própria morte.

Segundo uma fonte, a universitária veio do Maranhão, onde morava com a avó. Ao chegar a Brasília, passou a residir no Sudoeste, em uma quitinete, com a mãe, que é proprietária de um salão de beleza na região, e com o padrasto, que é taxista. A mãe paga o curso de direito da filha. Também de acordo com a fonte, a jovem não tem boa relação com o pai, que mora no Maranhão. Segundo a fonte, ela é conhecida em sua cidade natal como uma garota “doidinha”.

De acordo com o diretor-chefe da DRS, Eric Seba, Antônia saiu da quitinete no Sudoeste, por volta das 7 horas, de segunda-feira 19, como se fosse assistir aula na faculdade. Entretanto, 40 minutos depois, a mãe recebeu um telefonema da própria filha (que fingia ser seu suposto sequestrador), e foi avisada de que Antônia teria sido sequestrada e que o valor do resgate seria de R$ 8 mil.

“A universitária ligou de um número não identificado e pediu uma quantia em dinheiro. Depois de algum tempo ela ligou pela segunda vez e simulando ser o sequestrador disse à mãe que não estava de brincadeira. A mãe pensou que fosse um falso sequestro, pois tinha certeza de que a filha estava na faculdade. Ela ligou várias vezes à filha, mas o celular estava desligado”, explicou o delegado.

Jovem disfarçou a voz para extorquir a própria mãe

O diretor-chefe da DRS, Eric Seba, disse que “depois de mais algum tempo, Antônia fez outra ligação para a mãe, com o número de seu aparelho de celular sendo identificado nas chamadas. A estudante disfarçava a voz para não ser reconhecida. Na terceira ligação, ainda fingindo seu auto-sequestro, a estudante dizia para a mãe que o rapto não era brincadeira e exigia a quantia em dinheiro para que Antônia não fosse morta. Nesse momento, ela deixou de se passar por sequestrador e pediu para a mãe que entregasse o dinheiro, pois caso contrário ela seria morta. Ela queria dar certeza à mãe de que havia um sequestrador com ela, para isso precisou então falar sem disfarçar a voz”.

A mãe seguiu rumo ao Uniceub e ao chegar ao local constatou que a filha não estava na faculdade. Desesperada, registrou ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia, da Asa Norte. Posteriormente, o caso foi encaminhado para a Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS), onde foi solucionado em menos de 24 horas.

“No primeiro momento a universitária exigia que o pagamento fosse feito ainda na segunda-feira 19. Ao ter certeza de que a mãe não tinha o dinheiro no caixa e que poderia fazer um empréstimo, exigiu que o pagamento fosse feito até às 13 horas de terça-feira 20”, contou o delegado.

Prisão

“Definimos checar todos os hotéis e pousadas do Distrito Federal, principalmente do Plano Piloto. Através de procedimentos da polícia e rastreamentos de ligações localizamos a universitária.”

O policial informou que ao chegar à pousada a própria garota abriu a porta e disse: “Policiais, vocês vieram, muito obrigada”. “A universitária disse aos policiais que os sequestradores haviam saído e deixado ela sozinha na pousada. Mas as chaves estavam na porta e ela estava dormindo com o telefone à sua disposição. Depois, ela assumiu o crime, e alegou que fez isso para ver se a mãe a amava e a prova disso seria o pagamento do resgate. Ela também afirmou que devolveria o dinheiro”, disse Seba.

“O valor seria utilizado em festas e na compra de roupas. Também ela pegaria o dinheiro e sairia com o namorado, viajaria e gastaria no fim de semana”, disse o policial.

Segundo Eric Seba, a universitária fazia contato com sua mãe através de dois aparelhos celulares. Entre as 7h40 e 14h40 de segunda-feira, Antônia fez cinco ligações e enviou uma mensagem para a mãe. “Não sei qual é o pior, se foi a mãe ter recebido a notícia de que a filha teria sido sequestrada e poderia ser morta se não pagasse o resgate ou da mãe ter descoberto que a filha foi quem forjou o próprio sequestro”, comentou Seba.

Antônia foi autuada em flagrante por extorsão, com pena prevista de 4 a 10 anos. A universitária foi presa temporariamente no Presídio Feminino do Gama (Colméia).